Se você ainda não "travou a coluna" com certeza conhece alguém bem próximo que já tenha passado por esta situação muito desagradável.
A dor no início pode ser leve e ir aumentando gradativamente, piora com os movimentos e melhora na posição deitada. A coluna parece "TRAVADA" e o doente , devido ao espasmo muscular na região lombar, anda com o corpo rígido ou encurvado. Aos mínimos movimentos surge uma dor ou uma pontada e o doente pode referir uma falha na sua coluna ou nas pernas "é como se as pernas não agüentassem o peso do corpo".
Conheça a seguir os vilões que mais abalam a sua estrutura:
DEFORMIDADES NA COLUNA Escoliose, hiperlordose e hipercifose podem ser um fator de risco ou a origem da dor, mas só se tornam causa do problema quando associadas a outros aspectos. Um exemplo é quando a musculatura flácida deixa de oferecer sustentação para a coluna. A gravidade varia conforme o ângulo de curvatura.
A escoliose é caracterizada como um desvio lateral da coluna. Pode ocorrer já na infância, com maior freqüência em meninas e, nesse caso, exige tratamento rápido para evitar deformidade óssea e artrose no futuro. Escolioses de até 10 graus de angulação ocorrem em até 3% da população. O Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), órgão ligado ao Ministério da Saúde, alerta: crianças que carregam mochilas muito pesadas correm o risco de desenvolver postura incorreta e apresentar desvios na coluna vertebral. O peso das mochilas não deve ultrapassar o limite de 10% do peso da criança.
Já a hiperlordose é a lordose (curvatura normal da coluna) exagerada. É caracterizada pelo bumbum arrebitado e mais comum em mulheres, tanto que o salto alto é um agravante. O problema, geralmente, é bem tolerado, mas, às vezes, pode causar dor. Neste caso, é preferível circular com os glúteos em posição normal, sem forçar a saliência, para o bem da coluna. Já a hipercifose é aquela corcundinha que aparece com freqüência ainda na adolescência, quando os jovens tentam disfarçar a altura ou, no caso das meninas, os seios fartos.
ATENÇÃO ÀS DOENÇAS Segundo especialistas, existem até 100 doenças que podem causar dor nas costas. A hérnia de disco é uma das mais freqüentes. Ocorre pelo deslocamento de um disco intervertebral, que passa a comprimir um nervo, causando dor. Os especialistas afirmam que mais de 95% dos casos dispensam cirurgia, ocorrendo absorção do disco após fisioterapia e tratamento clínico.
Entre as doenças metabólicas, se destaca a osteoporose, que é a diminuição da densidade da massa óssea. É mais comum em mulheres que entram na menopausa e atinge cerca de 10% dos homens acima dos 50 anos. Para detectar o problema, é preciso fazer o exame de densitometria óssea. O tratamento envolve atividade física, suplemento de cálcio, vitamina D e medicamentos.
Outra doença que causa muitas dores é a artrose, considerada uma doença degenerativa que acomete as vértebras e o disco intervertebral. Ela é muito comum em pessoas com mais de 45 anos. Além dessas, doenças reumáticas, infecciosas, inflamatórias (como artrite e espondilite) e até a presença de tumores podem provocar problemas na coluna.
POSTURA RETA A principal causa de dor nas costas é a postural mecânica. Essa é a causa mais comum de dor aguda.
A capacidade da coluna adaptar-se a essa espécie de ginástica postural equivocada é limitada. Não é por falta de uso. Somente a cervical (parte superior da coluna) realiza 600 movimentos por hora, um a cada seis segundos. Boa postura não é só conseguir carregar um livro na cabeça sem deixar cair, como ensinavam nossas mães e avós.
A forma como você trabalha no computador, como fica sentado, como abaixa para pegar um objeto que caiu, como dorme, como carrega peso….. Cada atividade exige consciência corporal, pois apenas entrar no carro ou se jogar na cadeira pode lesionar sua coluna. Em geral, a dor nas costas de origem mecânico-postural melhora com repouso.
SEDENTARISMO, FUJA DELE O sedentarismo também tem sua parcela de responsabilidade. O exercício físico alonga e fortalece os músculos, lubrifica as articulações e nutre os discos. Por outro lado, é preciso certa cautela. Alguns exercícios podem aumentar as dores ou piorar o estado de quem já sofre com o problema. Portanto, é necessário escolher a atividade adequada e começar devagar.
Boas opções são caminhadas, natação, bicicleta (atenção à postura!), alongamentos e fortalecimento da musculatura. Os abdominais, além de deixar a barriga tanquinho, ajudam a coluna. A idade também pesa sobre a coluna.
Aos 20 anos, uma pessoa tem os discos compostos por 70% de água. Com o passar do tempo, além de sofrerem desgaste, perdem água.
OBESIDADE Para afetar a coluna, não é necessário entrar na categoria de obeso. Cada 10 quilos a mais do que o recomendado aumenta em 20% o risco de dor nas costas. Ou seja, a cada 2,5 quilos somados, cresce em 5% a chance da pessoa vir a sofrer de dor nas costas.
O PESO DA GRAVIDEZ Até cerca de 50% das mulheres grávidas sofrem de dores na coluna. Porém, os médicos perceberam que a dor é pior no primeiro trimestre. Atualmente, muitos especialistas acreditam que a causadora da dor é a mudança hormonal. Um hormônio relaxaria e diminuiria o tônus da musculatura, especialmente da pélvis.
Engordar demais força as estruturas osteoarticulares e também responde por dor. Neste caso, a postura também tem sua cota de participação, especialmente com o hábito da grávida de jogar a barriga para a frente e o quadril para trás.
CAUSAS EMOCIONAIS O estresse da vida moderna cobra seu preço muitas vezes por meio da coluna. Um dia de pressão e sobrecarga de trabalho, aquela sensação de carregar o mundo nas costas, por exemplo, pode tensionar as delicadas estruturas da coluna e desencadear a dor.
Os especialistas sabem que os sintomas dolorosos nessa região podem ser conseqüência de problemas emocionais. Emoções negativas podem se manifestar como dor. É freqüente a junção de alterações físicas e emocionais em pessoas que têm problemas de coluna.
O estresse e a depressão também são provocados pela dor nas costas, em um círculo vicioso complicado. Com o problema, a pessoa deixa de trabalhar e isso provoca sentimentos negativos. Por isso, o aspecto psicológico e emocional precisa ser considerado antes, durante e depois do tratamento.
TRAVOU, E AGORA?
Pode ser muito doloroso e muito assustador. Provavelmente, irá melhorar em algumas horas na maioria dos casos. A avaliação médica é importante para abreviar e atenuar a dor, além de procurar uma causa e evitar novos episódios, pois pode se tratar de um simples episódio de contratura/espasmo muscular até uma lesão no disco (ex.: fissura do ânulo fibroso). A dor aguda nas costas pode assumir diferentes formas. Muitas pessoas têm dor na coluna ocasionalmente, e essa não é muito incômoda. Ou seja, esses pacientes lidam bem e seguem com a vida, porém algumas vezes acabam tomando analgésicos simples. A preocupação maior são os casos de episódio agudo intenso. Algumas pessoas têm espasmos ou um travamento agudo da coluna, ficando "presos" em uma posição. Não se preocupe se isso acontecer, os músculos das costas sempre "destravam". A questão é como “destravar a coluna” e
voltar a ser capaz de fazer as coisas normalmente. Por isso é necessário o repouso breve inicial, calor local, analgesia precoce e aos poucos ir voltando às atividades do dia-a-dia.
O controle da dor é importante. Medicações analgésicas, antiinflamatórias e até analgésicos opióides mais fortes devem ser manejados pelo seu médico dependendo da intensidade do quadro. Os pacientes muitas vezes têm uma preocupação que eles podem "mascarar" a dor com analgésicos e serem prejudicados. Isso não é verdade. O nosso corpo tem reflexos protetores muito potentes e analgésicos simples não irão bloqueá-los.
A maior parte dos episódios de dor na coluna aguda melhorará com medidas simples. Uma vez que a dor começar a melhorar é importante voltar à sua atividade normal o mais rapidamente possível
COMO EVITAR NOVAS CRISES DE DOR NA COLUNA E NÃO TRAVAR?
Após a melhora do quadro agudo, é fundamental corrigir sua postura e fazer a reabilitação motora para fortalecimento dos músculos estabilizadores da coluna (paravertebrais e abdominais). A coluna vertebral deve ser protegida por essa musculatura em todas as situações. Dessa forma, você terá uma coluna saudável, discos preservados e, o mais importante, não terá dor. A maioria dos casos melhoram com medidas conservadoras.